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domingo, 16 de dezembro de 2012

Visita monitorada à cidade de Aracaju - Aracaju, o projeto modernizador e seus revezes (1910-1930).


PROJETO PEDAGÓGICO                               

                                                                                          

 

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

CENTRO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

CURSO DE HISTÓRIA LICENCIATURA A DISTÂNCIA

VISITA MONITORADA À CIDADE DE ARACAJU

 

Aracaju, o projeto modernizador e seus revezes (1910-1930).

 

Juliane Lísias de Andrade Amaral - 201020018659

Graduanda em Licenciatura em História/UFS/UAB


 

A partir das manifestações de interesse pela disseminação da cultura local, o coordenador da disciplina Temas de História de Sergipe II, o Professor Dr. Antônio Lindvaldo Sousa, que, em consonância com as tutoras Andreza da Conceição Costa, Gerisvalda Mendonça da Mota e Rita Leoser da Silva Andrade, no dia 15 de dezembro deste ano, nos concederam a oportunidade de alargamento do nosso conhecimento histórico e social da história de Aracaju, assim como dos agentes pós e contras que acompanharam todo seu processo de formação e maturação. Tal projeto tem por título: Aracaju, o projeto modernizador e seus revezes (1910-1930). Foi proposto que os alunos de todos os polos do curso à distância participassem desta aula pública, dentre eles destacamos alunos dos polos de Arauá, Carira, Colônia Treze, Brejo Grande, Japaratuba, Porto da Folha, Nossa Senhora das Dores, Nossa Senhora da Glória, Estância, Poço Verde, Areia Branca, Propriá, Laranjeiras e São Domingos.

Imagem 1 – Eu, Juliane Lísias e a tutora Rita Leoser na praça Fausto Cardoso.
Fonte: arquivo pessoal

Pesquisa pública


A cidade de Aracaju é a capital do Estado de Sergipe, que por sua vez é o menor Estado brasileiro. Nascida no ano de 1855, a partir de um planejamento e excução do arquiteto Sebastião Pirro, quando então Inácio Barbosa transferiu a capital de Sergipe de São Cristõvão, motivado pleo anseio do crescimento econômico e populacional do Estado. Foi apenas no início do séc. XX que ela realmente pode desfrutar desse crescimento, pois, a partir de então é onde começam a surgir as contruções frondosas e importantes como: o prédio da antiga Alfândega, o antigo Paço Provincial na Praça Fausto Cardoso, a Igreja de S. Salvador, localizada na esquina dos calçadões das Ruas Laranjeiras e São Cristóvão, a Ponte do Imperador, construída em 1860. Outros monumentos históricos como o Palácio Olímpio Campos, e a Catedral Metropolitana estavam prontos ainda no século XIX.

Imagem 2 – Antigo Palácio da Assembleia; Trecho da rua Olímpio Campos; Trecho da Rua Japaratuba e Praça Fausto Cardoso.
Fonte: infonet.com

Imagem 3 – Coreto na Praça Fausto Cardoso; Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe e Igreja de São Salvador
Fonte: arquivo pessoal

“Em 1859 o viajante alemão Ave L’Allement registrou a seguinte impressão de Aracaju: “por toda parte se trabalha, por toda parte se constrói, se cria (...)”. Impressão natural visto que a cidade havia sido fundada apenas quatro anos para ser a capital da província de Sergipe. Entretanto, um século e meio após a observação do explorador, Aracaju continua uma cidade mutante. Tais mudanças na paisagem aracajuana podem ser apreendidas por sua diversidade arquitetônica e urbanística.  Aracaju, como é do conhecimento geral, foi originalmente planejada por Sebastião José Basílio Pirro seguindo um plano em xadrez, cujas ruas, casas e edificações públicas suplantaram pântanos, braços de rio e areais. Cidade voltada para as margens do Rio Sergipe, pois nascera para ser portuária, o “tabuleiro de Pirro” é marcado pelo traço rígido das ruas e pela sua adaptação à curvatura do rio. Por essa razão, muito se tem dito que “Aracaju é obra voluntária dos homens. Nasceu artificialmente e foi imposta pela arte humana à natureza circundante” (FONTES, 2004, p. 112). Foi nesse ambiente onde se desenvolveu a vida urbana de Aracaju e onde a destreza humana ergueu, ainda no séc. XIX, seus primeiros conjuntos arquitetônicos, rente à antiga Rua da Aurora, conhecida popularmente como Rua da Frente.  São exemplos dessas construções antigas, o prédio da antiga Alfândega, situado na Praça General Valadão, o antigo Paço Provincial, hoje delegacia do ministério da fazenda, na Praça Fausto Cardoso, a igreja de S. Salvador de estilo eclético, localizada na esquina dos calçadões das Ruas Laranjeiras e São Cristóvão, a Ponte do Imperador, na verdade um atracadouro, construída em 1860. Outros monumentos históricos como o Palácio Olímpio Campos, de estilo neoclássico, e a Catedral Metropolitana, edifício eclético que permuta entre o neoclássico e o neogótico, estavam prontos ainda no século XIX. Esse caráter heterogêneo das edificações de Aracaju ganhou relevo na primeira metade do século XX com a construção dos mercados Antônio Franco e Tales Ferraz, e dos prédios de linhas déco, traçados pelo alemão Altenesch, como o “Palácio Serigy, na Praça General Valadão, o Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe, à Rua de Itabaianinha” (Aracaju e seus Monumentos, 2005, p. 18). “Entre outras construções que embelezaram e diversificaram a arquitetura de Aracaju, a partir de então contando com água encanada, em 1908, iluminada pela luz elétrica, 1913, e em 1926 com bondes elétricos.”

Imagem 4 – Calçadão da João Pessoa com Laranjeiras.
Fonte: infonet.com
Imagem 5 – Atual Praça Fausto Cardoso.
Fonte: arquivo pessoal

Na aula de hoje, podemos estudar, in loco, em torno de dez cenas, circunstâncias, livros ou personagens dessa nossa cultura. Entre eles destacamos: o romance Os Corumbas (Amando Fontes) – que retrata as duras condições de vida e trabalho do migrante, as epidemias e a forma de dominação da elite; A história de D. Antônia – ou seja, uma história contada a partir de quem sofreu esse processo de modernização; O morro do Borborema/ Bonfim – que foi apagado da história e local para não interferir no discurso modernizador; O personagem Nobre de Lacerda – um ativista defensor da “sergipanidade”; O beco do Açúcar/ Cocos – conhecido por sua época áurea relacionada com a prostituição; Rua da Aurora – Rua da Frente ou Ivo do Prado; Praça da Cadeia – Praça General Valadão; O Vaticano – Forma, estilo das casas que ficavam fora do quadrado de Pirro, criado por José da Silva Ribeiro; Mercados Thalles Ferraz e Sergipe Industrial, e, em destaque para o assunto designado ao nosso grupo, a Escola Federal de Aprendizes e Artífices – pontapé inicial para a formação da futura escola técnica.

Imagem 6 – Atual Calçadão da João Pessoa com Laranjeiras, Praça General Valadão – Antiga rua da Cadeia, Sergipe Industrial (SISA) e placa no Mercado Thalles Ferraz.
Fonte: arquivo pessoal

Imagem 7 – Antiga Sergipe Industrial (SISA)
Fonte: Memorial de Sergipe

Imagem 8 – Atual Beco do Açúcar/ Coco
Fonte: arquivo pessoal
Infelizmente, muito dessa rica e antiga arquitetura só pode ser lembrada ou vista através de fotos que mostram esses principais pontos da cidade. Muitos prédios públicos e/ou casa foram sendo desabitados para assim dar lugar a continuação de tal projeto modernizador, ou seja, o avanço tecnológico, industrial e social precisava de mais espaço para a construção de novos prédios. As tradicionais festas, danças e folguedos foram sendo esquecidas. Até pouco mais de meados do século XX, ainda se ouvia sobre tais manifestações, porém, aos poucos, foi caindo no esquecimento da população.

Imagem 9 – Atual prédio da Assembleia Legislativa
Fonte: arquivo pessoal

           Aproveitando a imagem acima, que se situa nas proximidades da Praça Fausto Cardoso, é comum lembrar de um episódio marcante no seio político aracajuano: as disparidades políticas entre Fausto Cardoso e Olímpio Campos, que resultaram na morte de ambos. Lembrando que foi de forma trágica, persuadida por vingança e alimentada durante muito tempo, resultando em dois monumentos dedicados a ambos que estão bem próximos um do outro, porém, impassível de concordâncias. Além das duas praças, há também as duas estátuas.

Imagem 10 – Estátua de Fausto Cardoso, à esquerda, e de Olímpio Campos, à direita.
Fonte: arquivo pessoal

Escola Federal de Aprendizes e Artífices

            Augusto Leite, como grande audacioso que foi, em 1º de maio de 1911 inaugura o que mais tarde viria a ser a futura escola técnica, ou seja, a Escola Federal de Aprendizes e Artífices. Ele afirmava que as “transformações sociais só ocorreriam mediante a audácia dos que acreditavam que era possível empreender mudanças, mesmo com todas as dificuldades que se viviam.” A priori, a escola de Aprendizes Artífices iniciou com apenas dois cursos: alfaiataria e mecânica. Sendo que nove anos depois de sua fundação, em 1920, ela já tinha crescido substancialmente, acrescentando os cursos de sapataria, selaria, desenho, ferraria, carpintaria, além de aula primária. A escola se situava à Rua Maruim, esquina com rua Lagarto.

Imagem 11 – Antiga Rua Maruim
Fonte: infonet.com

 
Imagem 12 – Prédio da antiga Escola Federal de Aprendizes e Artífices, atualmente de propriedade da Universidade, onde funciona a FAPESE.
Fonte: arquivo pessoal

  
Imagem 13 – Nós (Sr. Ari, Eu e o Sr. José Matias) em frente ao prédio da antiga Escola Federal de Aprendizes e Artífices.
Fonte: arquivo pessoal

            “Em sua fase inicial, a Escola de Aprendizes Artífices, como as outras demais instituídas, passou por diversas dificuldades: programas inadequados, oficinas mal aparelhadas, equipamentos insuficientes, professores mal preparados, entretanto mesmo diante de tantas dificuldades impostas pela própria dinâmica do processo social ela continua atuando na formação profissional de diversas gerações do estado.

Pelo decreto-lei nº 4073 de 30/01/1942 que criou a Lei Orgânica do Ensino Industrial, as Escolas de Aprendizes Artífices tiveram a sua denominação alterada e passou a chamar-se Escola Industrial Federal de Sergipe. Já a Portaria nº 239 de 03/09/1965, tendo em vista a Lei nº 4795 de 20/08/1965, determinou a adoção do atual nome: Escola Técnica Federal de Sergipe, que considerando toda essa trajetória, está completando noventa anos de existência.”

            Portanto, essa escola foi criada pela necessidade de se acompanhar o Discurso Modernizador, ou seja, era necessário se pensar no futuro e entender que mão de obra qualificada gerava conforto social para o operário e melhoria na renda do empregador.


Considerações Finais

Por fim, percebemos a grande importância de se debater sobre a existência de um projeto modernizador de Aracaju no início do século XX, ao mesmo tempo colocando-o em contrapartida com os revezes, ou contradições, que atingiam grande parte da população aracajuana no período de sua gênese.  A partir de então, podemos perceber a crise de identidade do sergipano; o anseio pelo estabelecimento de uma elite que era movida pelo poder e a afirmação de Aracaju como sendo um “Eldorado”, ou seja, podendo refletir prosperidade para quem aqui se ajustasse, dentre outros.

Podemos compreender Aracaju a partir de uma visão pluralista, olhada pelos diferentes pontos de vista: da elite, dos empresários e políticos, assim como da classe menos abastada e suplantada, entendendo que nossa história nem sempre foi tão branda. 

 

Referências Bibliográficas

 

FREIRE, Felisbelo. História de Sergipe. 2ª edição. Coleção Dimensões do Brasil: Editora Vozes. Aracaju. 1977

SOUSA, Antônio Lindvaldo. Temas de História de Sergipe II. São Cristóvão: UFS/CESAD, 2010.

DANTAS, Ibarê. Os partidos políticos em Sergipe (Quadro IX, páginas 54 a 58). Tempo Brasileiro: Rio de Janeiro. 1989.

LIMA, Jackson da Silva Lima. Os Estudos Antropológicos Etnográficos e Folclóricos em Sergipe. Governo do Estado de Sergipe: Aracaju. 1984.

Mott, Luiz R. B. Sergipe Del Rey População, Economia e Sociedade. Coleção Jackson da Silva Lima: Aracaju. 1986.

FONTES, Amando. Os Corumbas. 14ª ed. Rio de Janeiro: Editora José Olímpio, 1981.

Aracaju: entre a evolução urbanística e a diversidade arquitetônica (texto de Saulo Henrique Souza Silva).

Revista Brasileira da Educação Profissional e Tecnológica /Ministério da Educação, Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica v. 2, n. 2, (nov. 2009)  Brasília: MEC, SETEC, 2009.

Tese de dissertação de Giliard da Silva Prado. Pós graduação em História (2009).

Tese de dissertação de Clodoaldo Messias dos Santos. Pós graduação em História (2010).

Artigo “A Escola de Aprendizes Artífices em Sergipe: O ensino profissionalizante e sua implantação no estado (1911-1942”, de Solange Patrício.


 

domingo, 18 de novembro de 2012

Projeto Pedagógico - Visita monitorada à cidade de Laranjeiras - Juliane Lísias






PROJETO PEDAGÓGICO                               

                                                                                          

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
CENTRO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
CURSO DE HISTÓRIA LICENCIATURA A DISTÂNCIA
VISITA MONITORADA À CIDADE DE LARANJEIRAS

Juliane Lísias de Andrade Amaral - 201020018659
Graduanda em Licenciatura em História/UFS/UAB


A Universidade Federal de Sergipe (UFS), ao ceder de forma legal trabalhos extras sala de aula aos coordenadores, nos permitiu, no dia 27 de outubro de 2012, a oportunidade de realizarmos uma visita à cidade de Laranjeiras, município de Sergipe, localizado a 18 km da capital Aracaju. Visita essa monitorada pelo coordenador da disciplina Temas de História de Sergipe II, o Professor Dr. Antônio Lindvaldo Sousa, que, em consonância com as tutoras Andreza da Conceição Costa, Caroline Assunção e Rita Leoser da Silva Andrade, nos concedeu a oportunidade de alargamento do nosso conhecimento histórico e social da história do nosso povo, das nossas gerações pretéritas, gerando incentivo para a compreensão do papel da cidade de Laranjeiras enquanto núcleo de povoamento no período da colonização e processo de desenvolvimento da província de Sergipe na fase de produção do açúcar no século XIX. Tal projeto tem por título: Laranjeiras - núcleo de povoamento da região da Cotinguiba produtora da cana-de-açúcar. Participaram desta aula pública alunos dos polos de Arauá, Carira, Colônia Treze, Brejo Grande, Japaratuba, Porto da Folha, Nossa Senhora das Dores, Nossa Senhora da Glória, Estância, Poço Verde, Areia Branca, Propriá, Laranjeiras e São Domingos.
 
Imagem 1 – Parte do grupo que participou, de maneira efetiva, desta aula pública.
Fonte: Grupo História de Sergipe, através do Facebook do Professor Coordenador Antônio Lindvaldo.

Pesquisa pública
Laranjeiras localiza-se a uma latitude10º48'23" sul e a uma  longitude 37º10'12"  oeste, estando a uma altitude de 9 metros. Sua população estimada, segundo o censo 2010, era de aproximadamente 29.000 habitantes. Possui uma área de 163,4 km². O mesmo município é um dos poucos onde ainda se pode ver a força da  arquitetura colonial. Ruas, casarios,  igrejas,  tudo respira a mais pura história. Laranjeiras já foi uma das mais importantes cidades sergipana. Berço da  cultura, educação, política e economia. Por pouco ela não se tornou capital do Estado.
A aula pública foi justamente para rememorar a importância desta cidade e de sua história, confrontando a Laranjeiras do auge da cana de açúcar, a Laranjeiras do anos 70 (onde ocorreu a primeira revitalização de peso, sendo esta concedida pelo ministro Jarbas Passarinho) e a Laranjeiras atual.
 
Imagem 2 – Mapa da cidade de Laranjeiras.
Fonte: Google mapas.
Iniciamos nossa aula com uma breve explanação dos principais apectos a serem discutidos no decorrer do dia. Fomos recepcionados pelo nosso Coordenador e tutoras (já citados), onde participamos de uma seleção de ênfase de área, ou seja, fomos divididos em grupo que se deslocariam até o local escolhido via sorteio, e que, de forma mais consisa, nos deteríamos a tal área. A cargo da sorte, ficamos incubidos de fazer menção ao rio Cotinguiba.
 
Imagem 3 – Da esquerda para a direita: início da aula nas escadarias da Igreja Matriz; Mercado Municipal; resquícios de um trapiche e o centro comercial da cidade.
Fonte: acervo particular.
 
Entedemos como estratégica as posições geográficas de cada igreja ou monumento na cidade. A Igreja do Retiro (1701), Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Comandaroba (1731), Igreja de Nossa Senhora dos Homens Pardos, Igreja de São Benedito, Igreja Bom Jesus dos Navegantes, Igreja da Sant’Aninha (1875), Igreja Presbiteriana, a Ponte Nova ou qualquer outro monumento da mesma, compõem o lindo cenário que a fez ser reconhecida como a Atenas Sergipana. Diferentemente de São Cristõvão, que fica no alto, Laranjeiras foi nascendo às margens do rio Cotinguiba, determinando ter nascido para o comércio.
Rio Cotinguiba
As boas condições climáticas, o solo massapê e o rio Cotinguiba foram fatores determinantes para o auge da cidade de Laranjeiras. Podemos compará-lo a importância que teve o rio Nilo ao Egito, contudo, ainda que de forma distinta. Ele é um rio brasileiro que banha o Estado de Sergipe, nascendo na divisa dos municípios de Areia Branca e Laranjeiras, desembocando no  rio Sergipe, possuindo em torno de 50km de extensão.
 
Imagem 4 – Rio Cotinguiba
Fonte: acervo particular.
“Depois que as tropas de Cristóvão de Barros arrasaram as nações indígenas, por volta de 1530, muitos colonos acabaram se fixando às margens do rio Cotinguiba. Essas terras pertenciam à Freguesia de Socorro. Naquela região, mais ou menos uma légua da sede, foi construído um pequeno porto e, por conta das inúmeras e frondosas laranjeiras à beira do rio, moradores e viajantes começaram a identificar o local como porto das laranjeiras.
A movimentação pelo Rio Cotinguiba era intenso e, logo, o porto passou a ser parada obrigatória. Em torno dele o comércio ganhava espaço, principalmente a troca de escravos, e as primeiras residências eram construídas. Mas a partir de 1637, o pequeno povoado das Laranjeiras também sofreu com os ataques e depois com o domínio holandês. Muitas casas foram destruídas, mas o porto, um ponto estratégico, foi preservado. Só por volta de 1645 os holandeses deixam Sergipe.
O porto das Laranjeiras fez retornar o progresso ao povoado que se reerguia com grande velocidade depois da passagem dos holandeses. Em 1701, os padres jesuítas construíram a primeira igreja com convento. Ela ficava à margem esquerda do Riacho São Pedro, um pouco afastada do porto. Eles procuravam sossego e deram nome ao lugar de Retiro. Os jesuítas fizeram uma outra igreja num dos pontos mais altos do povoado. Em 1731, em cima de uma colina, os padres ordenaram a construção da Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Comandaroba, uma verdadeira obra-prima da arquitetura colonial.
 
 
Imagem 5 – Entrada, toda esculpida em pedra calcária, da Igreja Nossa Senhora da Conceição da Comandaroba, a segunda mais antiga da cidade.
Fonte: acervo particular.
 
Imagem 6 – Igreja Nossa Senhora da Conceição da Comandaroba.
Fonte: Grupo História de Sergipe, através do Facebook do Professor Coordenador Antônio Lindvaldo.

Por conta da cana-de-açúcar, do coco, do gado, do comércio e, principalmente do porto, o povoado das Laranjeiras tinha conseguido um nível extraordinário de desenvolvimento. Até os moradores da sede da freguesia de Socorro, a quem Laranjeiras pertencia, semanalmente iam fazer feira nas Laranjeiras. Só em 7 de agosto de 1832, em decorrência da grande influência política dos proprietários de terras e comerciantes, a Assembléia Geral da Província toma uma decisão polêmica. Transforma o povoado em vila independente. E em vez de desmembrá-la da freguesia de Socorro, os deputados anexaram o território de Nossa Senhora do Socorro ao de Vila de Laranjeiras.
Imagem 7 – Ponte Nova, sobre o Rio Cotinguiba.
Fonte: bolcidades.nafoto.net
Os socorrenses tentaram de todas as formas reagir, e em 19 de fevereiro de 1835, Socorro é transformado em vila, sendo suas terras desmembradas das de Laranjeiras, que foi reduzida à Freguesia do Sagrado Coração de Jesus das Laranjeiras. No entanto, esse retrocesso não impediu que o progresso avançasse e é justamente nesse momento que Laranjeiras começa a atingir seu mais alto grau de desenvolvimento. Em 6 de fevereiro daquele ano é transformado em Distrito de Paz, e em 11 de agosto de 1841 Laranjeiras passa a ser sede de comarca.”
 
Imagem 8 – Ponte Nova, sobre o Rio Cotinguiba.
Fonte: acervo particular.

Considerações Finais
Através do supracitado projeto, angariamos subsídios necessários para uma boa compreensão de tudo que nos foi repassado através da aula prática ocorrida no dia 27 de outubro deste ano, onde visitamos os locais que elevam destaque à cidade, entre eles: os Trapiches, o Mercado Municipal (no contexto da produção açucareira local), a arquitetura civil, religiosa e natural da cidade (suas ruas, igrejas e casarios), requerendo ênfase, para o meu grupo, do Rio Cotinguiba. Esta oportunidade aperfeiçoou o processo de ensino-aprendizagem, ampliando nossos conhecimentos, auxiliando no desenvolvimento de um posicionamento crítico diante das concepções históricas consagradas, ou seja, aquela que nos foi/é contada, e da realidade sociocultural em questão.
Assim, devemos considerar Laranjeiras como um importante núcleo de povoação de Sergipe, centro da principal zona açucareira do Vale do Cotinguiba, entendendo como se constituiu a sociedade canavieira da mesma. Infelizmente, deveras adormecida política e socialmente, porém, ainda demonstrando as sombras do seu resplendor ocorrido no final do século XVII e que perdurou por todo século XX.

“Pode-se bem compreender que o historiador tem necessidade de apelar para o concurso de diversas ciências. Sem a biologia, a antropologia, a geologia, a etnologia, a linguística e muitas outras ciências, a história a que fica reduzida?” (FREIRE, Felisbelo. História de Sergipe. Pág. 19)


Referências Bibliográficas

FREIRE, Felisbelo. História de Sergipe. 2ª edição. Coleção Dimensões do Brasil. Editora Vozes. Aracaju. 1977
SOUSA, Antônio Lindvaldo. Temas de História de Sergipe II. São Cristóvão: UFS/CESAD, 2010.
Wikipédia, a enciclopédia livre.
IBGE - cidades@ - Histórico - LARANJEIRAS (se).htm



segunda-feira, 16 de abril de 2012

AULA PÚBLICA "O SERTÃO TEM HISTÓRIA"


A partir desta aula pública, pude entender mais sobre o aspecto histórico-cultural do sertão sergipano. Começamos visitando o curral de pedras do Sr. Pedro, na cidade de Gararu. Foi emocionante ver aqueles "muros" feito de pedras, tão resistentes e bonitos, construídos há séculos atrás e que perduram até nossos dias. Infelizmente, só existem dois homens q conhecem esse tipo de trabalho (Sr. Pedro e Sr. Brás), porém, ambos com a idade já avançada, estão impedidos de darem continuidade a este trabalho. Alertamos aqui para o fato de que este tipo "muro" também pode ser visto na cidade de Porto da Folha, demonstrando ser uma cultura usada por vários da  região semi árida. Também visitamos as igrejas de Gararu e Porto da Folha, onde percebmos a distinção entre Vaticano I e II. Continuamos com duas aulas maravilhosas na Ilha do Ouro, ministradas pelo professor Antônio Lindvaldo e Atônio Carlos do Aracaju, que na verdade é de Porto da Folha, ou seja, ele é um "buraqueiro". Ah, não poderíamos deixar de prestigar a cultura Xocó que foi quase extinta!!! Parabéns a esse povo que vem lutando para preservar sua cultura!