PROJETO PEDAGÓGICO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
CENTRO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO
A DISTÂNCIA
CURSO DE HISTÓRIA LICENCIATURA A
DISTÂNCIA
VISITA
MONITORADA À CIDADE DE ARACAJU
Aracaju, o projeto modernizador e
seus revezes (1910-1930).
Juliane
Lísias de Andrade Amaral - 201020018659
Graduanda em Licenciatura em História/UFS/UAB
A
partir das manifestações de interesse pela disseminação da cultura local, o
coordenador da disciplina Temas de História de Sergipe II, o Professor Dr.
Antônio Lindvaldo Sousa, que, em consonância com as tutoras Andreza da
Conceição Costa, Gerisvalda Mendonça da Mota e Rita Leoser da Silva Andrade, no
dia 15 de dezembro deste ano, nos concederam a oportunidade de alargamento do
nosso conhecimento histórico e social da história de Aracaju, assim como dos agentes
pós e contras que acompanharam todo seu processo de formação e maturação. Tal
projeto tem por título: Aracaju, o projeto modernizador e
seus revezes (1910-1930). Foi
proposto que os alunos de todos os polos do curso à distância participassem
desta aula pública, dentre eles destacamos alunos dos polos de Arauá, Carira, Colônia Treze, Brejo Grande,
Japaratuba, Porto da Folha, Nossa Senhora das Dores, Nossa Senhora da Glória,
Estância, Poço Verde, Areia Branca, Propriá, Laranjeiras e São Domingos.
Imagem 1 – Eu,
Juliane Lísias e a tutora Rita Leoser na praça Fausto Cardoso.
Fonte: arquivo pessoal
Fonte: arquivo pessoal
Pesquisa pública
A cidade de Aracaju é a capital do Estado de
Sergipe, que por sua vez é o menor Estado brasileiro. Nascida no ano de 1855, a
partir de um planejamento e excução do arquiteto Sebastião Pirro, quando então
Inácio Barbosa transferiu a capital de Sergipe de São Cristõvão, motivado pleo
anseio do crescimento econômico e populacional do Estado. Foi apenas no início
do séc. XX que ela realmente pode desfrutar desse crescimento, pois, a partir
de então é onde começam a surgir as contruções frondosas e importantes como: o prédio da antiga Alfândega, o antigo Paço Provincial na Praça
Fausto Cardoso, a Igreja de S. Salvador, localizada na esquina dos calçadões
das Ruas Laranjeiras e São Cristóvão, a Ponte do Imperador, construída em 1860.
Outros monumentos históricos como o Palácio Olímpio Campos, e a Catedral
Metropolitana estavam prontos ainda no século XIX.
Imagem
2
– Antigo Palácio da Assembleia; Trecho da rua Olímpio Campos; Trecho da Rua
Japaratuba e Praça Fausto Cardoso.
Fonte: infonet.com
Fonte: infonet.com
Imagem
3
– Coreto na Praça Fausto Cardoso; Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe e
Igreja de São Salvador
Fonte: arquivo pessoal
Fonte: arquivo pessoal
“Em 1859 o viajante alemão Ave L’Allement registrou a seguinte impressão de Aracaju: “por toda parte se trabalha, por toda parte se constrói, se cria (...)”. Impressão natural visto que a cidade havia sido fundada há apenas quatro anos para ser a capital da província de Sergipe. Entretanto, um século e meio após a observação do explorador, Aracaju continua uma cidade mutante. Tais mudanças na paisagem aracajuana podem ser apreendidas por sua diversidade
arquitetônica e urbanística. Aracaju, como é do conhecimento geral, foi originalmente
planejada por Sebastião José Basílio Pirro seguindo um plano em
xadrez, cujas ruas, casas e edificações públicas suplantaram pântanos, braços
de rio e areais. Cidade voltada para as margens do Rio Sergipe, pois nascera para ser portuária, o “tabuleiro de Pirro” é marcado pelo traço
rígido das ruas e pela sua adaptação à curvatura do rio. Por essa razão, muito
se tem dito que “Aracaju é obra voluntária dos homens. Nasceu
artificialmente e foi imposta pela arte humana à natureza circundante” (FONTES,
2004, p. 112). Foi nesse ambiente onde se desenvolveu a vida urbana de Aracaju e onde a destreza humana ergueu, ainda no séc. XIX,
seus primeiros conjuntos arquitetônicos, rente à antiga Rua da Aurora, conhecida popularmente como Rua da Frente. São exemplos
dessas construções antigas, o prédio da antiga Alfândega,
situado na Praça General Valadão, o antigo Paço Provincial, hoje delegacia do
ministério da fazenda, na Praça Fausto Cardoso, a igreja de S.
Salvador de estilo eclético, localizada na esquina dos calçadões das Ruas
Laranjeiras e São Cristóvão, a Ponte do Imperador, na verdade um atracadouro,
construída em 1860. Outros monumentos históricos como o Palácio Olímpio Campos,
de estilo neoclássico, e a Catedral Metropolitana, edifício eclético que permuta entre o neoclássico e o neogótico, estavam
prontos ainda no século XIX. Esse caráter heterogêneo das edificações de Aracaju ganhou relevo na primeira metade do século XX com a construção dos mercados Antônio Franco e
Tales Ferraz, e dos prédios de linhas déco, traçados pelo alemão Altenesch, como o “Palácio Serigy, na Praça General
Valadão, o Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe, à Rua de
Itabaianinha” (Aracaju e seus Monumentos, 2005, p. 18). “Entre outras
construções que embelezaram e diversificaram a arquitetura de Aracaju, a partir
de então contando com água encanada, em 1908, iluminada pela luz elétrica,
1913, e em 1926 com bondes elétricos.”
Imagem 4 – Calçadão
da João Pessoa com Laranjeiras.
Fonte: infonet.com
Imagem 5 – Atual Praça Fausto Cardoso.
Fonte: arquivo pessoal
Fonte: infonet.com
Imagem 5 – Atual Praça Fausto Cardoso.
Fonte: arquivo pessoal
Na
aula de hoje, podemos estudar, in loco,
em torno de dez cenas, circunstâncias, livros ou personagens dessa nossa
cultura. Entre eles destacamos: o romance Os Corumbas (Amando Fontes) – que
retrata as duras condições de vida e trabalho do migrante, as epidemias e a
forma de dominação da elite; A história de D. Antônia – ou seja, uma história
contada a partir de quem sofreu esse processo de modernização; O morro do
Borborema/ Bonfim – que foi apagado da história e local para não interferir no
discurso modernizador; O personagem Nobre de Lacerda – um ativista defensor da
“sergipanidade”; O beco do Açúcar/ Cocos – conhecido por sua época áurea
relacionada com a prostituição; Rua da Aurora – Rua da Frente ou Ivo do Prado;
Praça da Cadeia – Praça General Valadão; O Vaticano – Forma, estilo das casas
que ficavam fora do quadrado de Pirro, criado por José da Silva Ribeiro;
Mercados Thalles Ferraz e Sergipe Industrial, e, em destaque para o assunto designado
ao nosso grupo, a Escola Federal de Aprendizes e Artífices – pontapé inicial
para a formação da futura escola técnica.
Imagem 6 – Atual
Calçadão da João Pessoa com Laranjeiras, Praça General Valadão – Antiga rua da
Cadeia, Sergipe Industrial (SISA) e placa no Mercado Thalles Ferraz.
Fonte: arquivo pessoal
Fonte: arquivo pessoal
Imagem 7 – Antiga
Sergipe Industrial (SISA)
Fonte: Memorial de Sergipe
Imagem 8 – Atual
Beco do Açúcar/ Coco
Fonte: arquivo pessoal
Infelizmente,
muito dessa rica e antiga arquitetura só pode ser lembrada ou vista através de
fotos que mostram esses principais pontos da cidade. Muitos prédios públicos
e/ou casa foram sendo desabitados para assim dar lugar a continuação de tal
projeto modernizador, ou seja, o avanço tecnológico, industrial e social
precisava de mais espaço para a construção de novos prédios. As tradicionais
festas, danças e folguedos foram sendo esquecidas. Até pouco mais de meados do
século XX, ainda se ouvia sobre tais manifestações, porém, aos poucos, foi
caindo no esquecimento da população.
Imagem 9 –
Atual prédio da Assembleia Legislativa
Fonte: arquivo pessoal
Aproveitando
a imagem acima, que se situa nas proximidades da Praça Fausto Cardoso, é comum
lembrar de um episódio marcante no seio político aracajuano: as disparidades
políticas entre Fausto Cardoso e Olímpio Campos, que resultaram na morte de
ambos. Lembrando que foi de forma trágica, persuadida por vingança e alimentada
durante muito tempo, resultando em dois monumentos dedicados a ambos que estão
bem próximos um do outro, porém, impassível de concordâncias. Além das duas
praças, há também as duas estátuas.
Imagem 10 – Estátua
de Fausto Cardoso, à esquerda, e de Olímpio Campos, à direita.
Fonte: arquivo pessoal
Escola Federal de Aprendizes e Artífices
Augusto Leite, como grande audacioso
que foi, em 1º de maio de 1911 inaugura o que mais tarde viria a ser a futura
escola técnica, ou seja, a Escola Federal de Aprendizes e Artífices. Ele
afirmava que as “transformações sociais
só ocorreriam mediante a audácia dos que acreditavam que era possível
empreender mudanças, mesmo com todas as dificuldades que se viviam.” A
priori, a escola de Aprendizes Artífices iniciou com apenas dois cursos:
alfaiataria e mecânica. Sendo que nove anos depois de sua fundação, em 1920,
ela já tinha crescido substancialmente, acrescentando os cursos de sapataria,
selaria, desenho, ferraria, carpintaria, além de aula primária. A escola se
situava à Rua Maruim, esquina com rua Lagarto.
Imagem 11 – Antiga Rua Maruim
Fonte: infonet.com
Fonte: infonet.com
Imagem 12 –
Prédio da antiga Escola Federal de Aprendizes e Artífices, atualmente de
propriedade da Universidade, onde funciona a FAPESE.
Fonte: arquivo pessoal
Fonte: arquivo pessoal
Imagem 13 – Nós
(Sr. Ari, Eu e o Sr. José Matias) em frente ao prédio da antiga Escola Federal
de Aprendizes e Artífices.
Fonte: arquivo pessoal
Fonte: arquivo pessoal
“Em sua fase inicial, a Escola de
Aprendizes Artífices, como as outras demais instituídas, passou por diversas
dificuldades: programas inadequados, oficinas mal aparelhadas, equipamentos
insuficientes, professores mal preparados, entretanto mesmo diante de tantas
dificuldades impostas pela própria dinâmica do processo social ela continua
atuando na formação profissional de diversas gerações do estado.
Pelo decreto-lei nº
4073 de 30/01/1942 que criou a Lei Orgânica do Ensino Industrial, as Escolas de
Aprendizes Artífices tiveram a sua denominação alterada e passou a chamar-se
Escola Industrial Federal de Sergipe. Já a Portaria nº 239 de 03/09/1965, tendo
em vista a Lei nº 4795 de 20/08/1965, determinou a adoção do atual nome: Escola
Técnica Federal de Sergipe, que considerando toda essa trajetória, está
completando noventa anos de existência.”
Portanto, essa escola foi criada
pela necessidade de se acompanhar o Discurso Modernizador, ou seja, era
necessário se pensar no futuro e entender que mão de obra qualificada gerava
conforto social para o operário e melhoria na renda do empregador.
Considerações Finais
Por fim, percebemos a
grande importância de se debater sobre a existência de um projeto modernizador
de Aracaju no início do século XX, ao mesmo tempo colocando-o em contrapartida
com os revezes, ou contradições, que atingiam grande parte da população
aracajuana no período de sua gênese. A
partir de então, podemos perceber a crise de identidade do sergipano; o anseio
pelo estabelecimento de uma elite que era movida pelo poder e a afirmação de Aracaju
como sendo um “Eldorado”, ou seja, podendo refletir prosperidade para quem aqui
se ajustasse, dentre outros.
Podemos compreender
Aracaju a partir de uma visão pluralista, olhada pelos diferentes pontos de
vista: da elite, dos empresários e políticos, assim como da classe menos
abastada e suplantada, entendendo que nossa história nem sempre foi tão branda.
Referências Bibliográficas
FREIRE,
Felisbelo. História de Sergipe. 2ª
edição. Coleção Dimensões do Brasil: Editora Vozes. Aracaju. 1977
SOUSA,
Antônio Lindvaldo. Temas de História de Sergipe II. São Cristóvão:
UFS/CESAD, 2010.
DANTAS, Ibarê. Os
partidos políticos em Sergipe (Quadro IX, páginas 54 a 58). Tempo Brasileiro: Rio de Janeiro. 1989.
LIMA, Jackson da Silva Lima. Os Estudos Antropológicos Etnográficos e Folclóricos em Sergipe.
Governo do Estado de Sergipe: Aracaju. 1984.
Mott, Luiz R. B. Sergipe
Del Rey População, Economia e Sociedade. Coleção Jackson da Silva Lima:
Aracaju. 1986.
FONTES,
Amando. Os Corumbas. 14ª ed. Rio de Janeiro: Editora José Olímpio, 1981.
Aracaju: entre a evolução
urbanística e a diversidade arquitetônica (texto de Saulo Henrique Souza Silva).
Revista Brasileira da Educação
Profissional e Tecnológica /Ministério da Educação, Secretaria de
Educação Profissional e Tecnológica v. 2, n. 2, (nov. 2009) Brasília: MEC, SETEC, 2009.
Tese de dissertação de
Giliard da Silva Prado. Pós graduação em História (2009).
Tese de dissertação de Clodoaldo
Messias dos Santos. Pós graduação em História (2010).
Artigo “A Escola de Aprendizes
Artífices em Sergipe: O ensino profissionalizante e sua implantação no estado
(1911-1942”, de Solange Patrício.